quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Regresso à infância. Parte 2

Como tinha mencionado no texto anterior fui visitar o casal no sentido de tirar umas coordenadas geográficas cujos pontos já os trazia memorizados. O carvalheiro da bica, a casa, o forte e a lapa da Santa. Quantos de vocês primos ouviram falar destes nomes?

O carvalheiro da bica, e aqui perdoem-me os tios se estarei a cometer algum erro, era um carvalho imponente com uma copa enorme que existia junto a um tanque de água. Era aqui que estava um baloiço montado para vossa delicia cuja vista se estendia para uma horta bem tratada. Conheci esta árvore entretanto consumida pelo fogo, tentei imaginar a horta e o baloiço mas não consegui apenas vejo um amontoado de silvas.

A casa, pequena para uma família de tão grande dimensão, mas certamente cheia de vida, quer pela azáfama do dia-a-dia quer pelo som de crianças brincando, bem como do som dos animais. Agora está lá inerte, abandonada, apenas com a companhia de um sobreiro. As janelas partidas bem como as portas. O seu interior encontra-se degradado em virtude do passar do tempo e desprotegida das intempéries. Já não há ninguém para cuidar dela.

A Lapa da Santa - curioso este local. Diz a lenda popular que em tempos houve uma aparição de uma Santa nesta nascente de água que se encontra de certo modo tapada. Espreito, é escura, ouvem-se pingos a cair, de repente a água perde a calma devido à fuga de algumas rãs que nela mergulham. Uma aranha de relativa dimensão e beleza tece a sua teia na esperança de apanhar uma refeição. Existem ainda vestígios de uma antiga fábrica de tijolo.

O forte. Deixei este para o fim. Sempre ouvi falar no forte como se o nome dado viesse de uma brincadeira pois o seu formato assim o deixa entender. Um monte alto cheio de arvoredo, rodeado por um fosso. Em tempos o primo David (filho da tia Aldina) e um colega usaram aquele local para os jogos de paintball. Mas afinal o forte tem história. Descobri-a através do Geocaching (prometo que falarei nisto) e na consulta de cartas geográficas militares.
Chama-se Forte do Meio, pertencente à chamada Linhas de Torres, usado como meio de defesa aquando da terceira Invasão Francesa ao nosso país. Com a ajuda das tropas inglesas, e através de Lord Wellington que se lembrou de usar 800 km2 de montes bravios numa fortaleza para proteger a capital Lisboa do exército de Napoleão. (um bom exemplo da vertente cultural do Geocaching pode ser visto neste link: http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx?guid=8d9e40c9-6bbb-4f1a-bff3-695bfa830fde - projecto caches dedicadas ao tema da Linha de Torres. Esta particularmente ao forte situado na Ericeira). Ali perto, junto à estrada encontra-se também o Forte da Patarata cujo estado de degradação leva a entender tratar-se de um monte de terra cheio de mato. Existe ainda outro forte neste pinhal mas que não visitei nem consegui encontrar o seu nome. Vejam o link. Aprender não custa.

Mas neste regresso à infância saltaram-me memórias do meu subconsciente. Para além das futeboladas jogadas no pátio do recreio da escola primária da Murgeira, das passeatas de bicicleta pelas terriolas que rodeiam esta aldeia, do convívio na sociedade recreativa, das férias e fins de semana passados na casa da avó, vieram outras recordações. Lembro-me casa, pequena mas acolhedora, sempre arrumada. Os móveis antigos, um deles com um pequeno sofá vermelho onde me deitava a ler um velhinho livro azul de fábulas que ficava guardado numa porta desse mesmo móvel. A televisão pequena, a preto e branco, que aos domingos de manhã a avó ligava para assistir à missa sentando-se numa cadeira junto à porta do seu quarto. Às vezes dava por ela a rezar em conjunto com a televisão. Era castiça a velhota! Fazia umas sopas que eram um mimo! Lembro-me do meu pai ralhar com ela quando era hora de almoço: "Oh senhora sente-se!" Não parava ela! Enquanto não estivéssemos todos aviados ela não se sentava a comer.
O que dizer da cozinha? Um fogão colocado debaixo da chaminé cujo rebordo estava repleto de pequenos bonecos usados pelos tios nas suas brincadeiras e que avó conseguiu manter por muitos anos, até um dia deitei-lhes as mãos, bem como algumas maçãs que ficavam a amadurecer para depois poderem ser degustadas. Pendurado numa parede existia um quadro muito antigo (julgo que representava a morte de D. Inês). Era na cozinha que situava o acesso ao sótão, lugar ao qual apenas fui duas vezes mas lembro-me da pequena janela ali situada e de duas camas de ferro com colchões de palha, um luxo!. Havia ainda uma cristaleira que guardava uns pratos antigos os quais a avo tinha enorme estima. Junto à casa de banho, onde tantas vezes tomei banho de alguidar com água aquecida no tacho, estava um pequeno quadro pintado à mão (não sei o seu autor) e uma fotografia do avô ao lado de uma junta de bois que usava para os trabalhos no campo.
Não havia água canalizada (apareceu mais tarde), por isso bebia a água do poço. Fresca, limpa sem qualquer tipo de tratamento a não ser os insectos que nela andavam.
O caminho até ao poço era uma aventura, saindo da porta, encontrávamos no lado esquerdo as hortências depois as ameixeiras, quantas vezes subi-as na brincadeira, as roseiras, umas pereiras e finalmente o poço. Existia ainda um marmeleiro e o terreno por vezes era cultivado, pelo tio "Manel", o meu pai, o tio António (marido da tia Gracinda), com batatas guardadas depois no barracão contíguo à casa. Do lado direito, a horta, o limoeiro, as figueiras, as macieiras e por vezes a complexa construção de canas para a plantação de feijão verde. A figueira era um dos locais predilectos para o tio João (marido da tia Adélia) caçar uns passaritos que depois os depenava e fazia um belo de um petisco. Junto a esta estava a ameixeira Rainha Cláudia cujo fruto é pequeno mas doce, um autêntico manjar dos deuses.

Não me posso esquecer da frente da casa. A árvore de doce-lima situada bem à porta de casa cujas folhas a avó guardava para fazer um chazinho. A pedra dos namorados! Quantas horas passei ali a brincar e a tentar apanhar lagartixas ou simplesmente sentado aproveitando o facto do sol a ter aquecido, olhando a Tapada de Mafra observando os gamos e os javalis que aproveitavam o fim de tarde para pastar. Recordo-me ainda da eira, onde ainda assisti ao debulhar de feijão, a terra barrenta utilizada muitas vezes pelo Hugo e pelo Pedro nas suas sessões de bricolage. Autênticas obras de arte que ganhavam forma nas mãos deles e cuja experiência mais tarde aproveitaram para ganhar algum dinheiro. Lembro-me de irem vender fios e outras coisas quando passámos férias (julgo que foram 2 ou 3 anos seguidos) em Armação de Pêra juntamente com a Susana e a Carla, a tia Judite e o tio Carlos. Recordo-me do Citroen 2 CV do tio José Manuel e do "carocha" do tio Carlos, autênticas feras da estrada naquela altura.
Desculpem-me perdi-me no contexto. Voltando à casa, lembro-me ainda dos barracões contíguos à casa. O primeiro, onde se guardavam as enxadas e outros objectos de labuta e onde ficava o forno a lenha era agora o sitio onde se deixavam as batatas colhidas da terra, era também a casa de um casal de rolas bravas cuidadosamente tratadas pela avó mantidas numa gaiola que julgo ter sido uma coelheira. Outro barracão continha palha e pipas de vinho, enormes, feitas de madeira de carvalho entaladas por anéis de ferro escurecidos. Em frente a estes uma ginjeira fazia companhia a outra figueira e junto ao portão de entrada um pessegueiro dava as boas vindas.
E o que dizer do caminho até à casa, recente, da tia Aldina? Onde nasceu a baptizada "baiúca do Tarzan"? Uma autêntica obra de engenharia elaborada pelo tio Daniel. Nada de especial pensarão alguns de vós que não passaram tanto tempo como eu por aquelas paragens. A fonte, e os tanques para lavar a roupa. As tardes passadas a brincar ora no telhado desta ora na sua sombra a colher amoras que nasciam das silvas que ladeavam as escadas de acesso à estrada. Lembro-me ainda de um abrunheiro bravo situada no enfiamento do caminho que ladeava o fim do extenso terreno existente a seguir ao poço.
Da fonte até à casa da tia Aldina passávamos por um eucliptal, onde existia um buraco pouco profundo sempre cheio de água usada pelos pássaros para se banharem rodeado de uns arbustos curiosos. Digo isto porque o fruto deste era uma bola castanha disforme que abrindo encontrávamos ovos ou até mesmo larvas de insecto.

Considero-me um sortudo. Tive a oportunidade de conviver com animais de quinta, plantar legumes, colhê-los, andar na chinchada, ter liberdade para ir até onde queria porque onde quer que fosse sabiam quem eu era, era como se estivesse em casa. Nessa altura ansiava pelas férias, passei muitas delas juntamente com Teresinha (a pantera!) e o tio. Passeatas, idas à praia e ao Rio Lizandro, brincadeiras tudo sem qualquer tipo de preocupação. Tenho pena que os meus filhos não possam passar pelo mesmo. Apesar de ter ido viver para o campo já não é a mesma coisa. As quintas já não são a mesma coisa, agora servem de habitação secundária e nada mais.
A geração playstation tem outros interesses.

Até que um dia tudo mudou. A avó faleceu e era altura de se falar em partilhas. Marcou-se uma reunião com toda a família na casa da avó para se decidir o que fazer. Ainda tenho na memória uma frase que dificilmente esquecerei, talvez por ter marcado uma viragem na minha vida? Não sei. Estava na rua a brincar e ouvi: "O que fazer com a casa?". Uma das tias (Não me recordo quem mas também não importa) responde: "Por mim vende-se! Nada me prende aqui!"

Vender??!! Vão-me tirar isto?. Confesso que me senti desiludido em ouvir aquilo. Não me lembro da idade que tinha na altura mas sei que já tinha alguma consciência. Vender uma coisa que tanto custou a ganhar aos avós?! Onde passaram a infância?. Fez-me confusão. Por parte dos primos compreendo que não tivessem qualquer interesse mas os tios?
Senti essa mesma desilusão no meu pai. Mas a decisão era democrática e a maioria assim o decidiu. Se ele tivesse dinheiro tenho a certeza que ficaria com ela.

A casa foi vendida. O recheio dividido entre os irmãos. Quem a comprou não a estimou. Foi muito mal tratada a casinha da avó. Mais tarde, e felizmente, a casa voltou a um familiar. A tia Otília comprou-a, fez obras de remodelação voltei lá a seu convite. Quando entrei pensei: "Tão pequena?" mas depois tomei a noção que os anos tinham passado e eu cresci. A casa está fantástica, a tia mostrou preocupação em manter alguns pormenores, os barracões contíguos à casa são agora mais uma divisão, de aspecto acolhedor e confortável mantendo ao mesmo tempo o estilo rústico.
O tio "Manel" comprou o terreno e construiu também uma casa, daquelas como eu gosto, rústicas mas com todo o conforto necessário ao bem estar. Tive a oportunidade lá passar com alguma frequência de matar saudades do local, mas perdoe-me tio, não é a mesma coisa....

Hoje, com família constituída, pai de dois filhos e com responsabilidades financeiras reconheço que algumas das decisões que se tomam têm em conta o bem estar desta, os interesses de terceiros terão de ficar para segundo plano. Não condeno ninguém por isso. Sempre foi e sempre será assim.

Desculpem-me ter-me alongado mas as memórias saltavam do meu subconsciente. O contexto perde-se por vezes por culpa dessas mesmas memórias. Um desabafo? Talvez. Mas tinha de partilhar estes sentimentos e emoções por aqueles que não tiveram, ou não quiseram, a oportunidade de as viver.

3 comentários:

Otília Leitão disse...

Felicito a iniciativa, apenas por ser este um dos meios mais modernos de diálogo, mais em consonância com a actual geração. Sendo assim, será uma das formas válidas para atingir o fim, ou seja manter, estabelecer ou aproximar afectos, partilhas...
E eu, neste momento, quero partilhar que, enquanto lia este blogue para o qual, o meu filho Frederico, portanto primo dos demais, me alertara, corriam as lágrimas...
É um orgulho em verificar que o Paulo, que eu ainda hoje chamo Paulinho,apesar de ser já pai de dois filhos, escreve tão bem, tão pormenorizado, e com tanta profundidade que o seu "abrir de alma" mais parece a folha de um livro...Quão orgulhoso estará seu pai, o meu irmão Àlvaro - com quem partilhei as diabruras de infância, de quem tanto gosto,que embora não o tendo dito, bem compreendo hoje muitas das suas angústias e sobre o qual por vezes sinto remorsos de não conseguir partilhar mais,ao longo da nossa vida adulta. Mas, repito, este meu irmão deve sentir-se recompensado ao verificar que o Paulo, afinal "bebeu" tanto dos seus ensinamentos, captou com sensibilidade a história dos seus avós, simples,mas que nos deixaram valores morais sólidos, tão firmes que a sua árvore continua de pé, ainda que virtual. Verifiquei que ao longo desde "passeio" comum, pai e filho partilharam memórias e saberes, algo de muito belo que atinge o seu grau de maturidade, quando o filho se torna pai... Isto é uma partilha de vida, comunhão de afectos e a transmissão deste pedaço de vivências inscrito nesta página é também a sua passagem para os restantes primos. Parabéns por seres também um guardião da memória, importante para entendermos o futuro, num momento conturbado em que vivemos, cheio de incertezas.

Posto isto, viajei virtualmente convosco a todos aqueles lugares tão bem descritos e apesar de alterados, ainda os conseguir encontrar no registo fotográfico de minha memória. É assim, é normal, o que é deveras importante é que os mais velhos deixem lastros aos mais novos. Nem tudo fica, nem pode ficar...mas o importante é se fica algo e esse algo é no fundo uma das raízes da grande árvore,o "Carvalho" de folhas perenes, como perenes vão ficar as palavras aqui vertidas.
Cheguei à Casa da Avó, e retomo a história da memória do Paulo, aquele menino bonito,tão educadinho...tão certinho.. que perdeu o seu pedacinho de diversão onde se sentia amado e em segurança nas suas incursões a visitar a avó...e eram muitas. Desse episódio da partilha, recordo algumas expressões de dor...de perca...o Paulo não estava sòzinho...havia compradores. Os herdeiros eram muitos e o dinheiro sempre dá geito. A minha oferta foi tímida, eu também não tinha dinheiro, teria que o arranjar com empréstimo, claro...Nada feito. As coisas foram decididas pela larga maioria, senão unanimidade, ainda que a alma chorasse. Vi com pena que algumas coisas, velhas, mas com vida, foram queimadas no pátio...estavam bichosas, antigas, coisas em desuso. Ainda salvei uma cómoda bichosa que mandei restaurar por um preço mais caro do que a aquisição de uma nova. Ficou bonita. Gosto dela. A "Casa" foi vendida a utilizadores que a acharam adequada a viveiro e maternidade de cães. Daí a sua degradação. De quando em vez passava pelo caminho da Fonte em visita à minha irmã Aldina, mãe do David e da Lara, e olhava para a casa numa inquietude que não me apaziguava o espírito. Um dia estando em trabalho nos Açores, recebi um telefonema do meu filho, Frederico, a dizer-me que o tio Manuel tinha avisado que a casa estava de novo à venda... ele tinha prioridade, pois a casa era estremada com a sua, mas também já tinha a dele, entretanto. Aí pensei. "Deus bateu-me à porta segunda vez" . Eu e meu marido, Mário, somos os dois jornalistas.À altura os salários eram baixos, como nunca foram altos em pessoas ligadas às letras. Na altura parti a bater ´porta dos Bancos para um empréstimo. Era preciso arranjar dinheiro para a entrada. O meu irmão Manuel e a sua mulher Adelaide, acederam a emprestar-nos a entrada e o projecto andou.Ainda me recordo quando nela reentrei a tristeza de ver o meu "quarto de raparigas" transformado em "maternidade de cais" degradado e mal cheiroso.
Mas tenho gravado na memória e no coração algo de precioso, uma gratidão eterna: quando tomei posse da pequena propriedade,lá estavam os meus irmãos, não todos, mas os que puderam...O Alvaro, O Manuel, o Zé, a Aldina, a Deolinda a Judite, os respectivos cunhados e todos se empenharam a limpar o lixo, a cortar o matagal que entretanto crescera,a pintar a casa, a fazer uma vedação...Foi mais do que uma ajuda, foi a junção energética de partículas de um mesmo ser, que se ergueram para reconstruir algo perdido. A "casa" reconstruiu-se, foi-se transformando á medida das capacidades económicas - entretanto aumentadas com missões em África - e dos gostos da nova família. Nunca perdi o sentido da preservação de algumas reminiscências. Hoje, este lugar continua a ser "A Casa", que tem os seus guardiões próprios. Continua para mim a ter um mística . Tão subjectiva, é certo , que nela encontro guardiões no cantar das pombas que poisam nas palmeiras, no frutificar das árvores, no desabrochar das flores...É assim esta minha casa, que já todos revisitaram com mais ou menos lastro e que também é vossa...enquanto este Carvalho tiver raízes que que resistem às intempéries e prosseguem o seu caminho...
Otília Leitão
8/11/2008

Mª João C.Martins disse...

Que dizer, para além de aplaudir de forma efusiva e emotiva, tão feliz iniciativa? Alguém terá sempre de dar o primeiro passo , alguém que simultaneamente junte a vontade, a oportunidade, a determinação e a ousadia. Esse alguém, neste caso, tem por nome Paulo Carvalho, é ( e digo-o, orgulhosamente) meu primo e escreve maravilhosamente.
Revisitei através descrição dos lugares que fizeste, muitas das minhas memórias de infância e juventude, memórias essas que suportam a minha vida e dão fundamento ao que sou, ao que penso, aos valores que defendo e a tudo aquilo que transmito no meu dia-a-dia. Confirmo com alegria que a família, essa célula fundamental na vida dos seres humanos é sem dúvida nenhuma a grande construtora dos alicerces que nos sustentam e nos ligam uns aos outros, muito mais do que imaginamos e se perpetuam de geração em geração, se fizermos por isso.
No plano da afectividade, lugar onde se abrem e se saram todas as feridas, mas que é também um lugar de partilha e de alegria, relembramos memórias de tudo o que fomos e o que vivemos até aqui. É aí que nos encontramos diariamente e a nosso belo prazer, com todos aqueles que fazem parte da nossa viagem e outros que já terminaram a sua. Com os objectos que nos marcaram, com os lugares, as paisagens, os cheiros, as palavras, as emoções…, com tudo o que constitui para cada um de nós as referências essenciais que orientam as nossas atitudes, e sem as quais nos perderíamos, nas inquietações do mundo actual.
Ao partilhar este espaço, uma das novas formas mas não a única, de comunicação, sentiremos que a história de cada um, tem alguns capítulos inscritos em memórias que nos são comuns, reforçará em nós o sentido de pertença ( quem sabe em alguns já um pouco esquecido, fruto das tais vicissitudes da vida) , permitirá que nos demos a conhecer melhor e de uma forma diferente, a escrita ( e que grandes talentos andam por aí !), e acima de tudo será uma forma de estarmos mais perto uns dos outros.
Se algum azedume existir nas recordações familiares de alguns, é tempo de compreender que na realidade aquilo que nos une é muito mais. que aquilo que nos separa. É certo que poderíamos contactar mais uns com os outros, saber mais de cada um e que nos vamos acomodando no conforto da nossa vidinha, deixando que ela mesma nos separe do convívio. Mas estou segura de que se quisermos nunca o silêncio desmoronará os afectos. Aquilo que efectivamente nos pode afastar é sem dúvida a mágoa, a agressividade e o orgulho.
Celebremos então, como uma festa, todas as formas de reencontro desta família oriunda de troncos nobres e fortes; João e Deolinda Carvalho, cujos ramos e folhas têm o orgulho de transportar a sua seiva.
Mª João Martins
8/11/2008

Niktus disse...

Boa noite,

Que surpresa! Gostei do que li no blog. Sempre que tenha disponibilidade, tentarei seguir as entradas deste "Oak's all over the world".
Agora ha que manter a producao. ;-)
Abracos e beijinhos conforme o/a recipiente.
David